quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Reinício


* Ballerina - Angelina

A dor do recomeço.
Do ter que viver.
Do ter que esquecer.

No movimento suave,
sinuoso da bailarina
Ouço sinos,
Sinceras notas de dor.

Emoção desigual.
Sem descrição.
Com isso, a redenção.

* Rio, novembro de 2005

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Libertação



Nova etapa se inicia
Que redundância a minha!
Será que foi um vislumbre
Que já tive dessa vida
Ainda não vivida?

Que medo!
Que novo!
Não quero morrer de desgosto
Quero que seja livre
De braços abertos, a voar
Sem amarras, gaiolas ou prisões
Sem véu nem anel
Só meu coração
A bater acelerado
As palavras de uma nova
Visão.

* Rio, janeiro de 2006

sábado, 16 de junho de 2007

Incertezas



A gente confia em quem não se vê
Em quem não se sabe
Nem o porquê
Como eu sou
E você é
Ninguém saberá
Nesse caleidoscópio da vida
As cores são furtivas
A realidade espelhada

Não se entregue
Não se deixe
Pois o que se prevê
Não acontece
O que pensam
Não é o que vemos
O que somos
Amanhã não será.


* Rio, junho de 2006

domingo, 10 de junho de 2007

Falta você



Sinto falta do ar
que eu respirava perto de você
e que me dava alegria de viver.

Tudo agora é cinza,
mais ou menos,
meio amargo.

Não quero te ver,
mas sinto falta de te encontrar.
Não quero falar com você,
mas preciso conversar.

O que é esse sentimento?
Que me consome
e me mantém viva há tanto tempo,
só com a esperança
de um dia nossos rios
desembocarem no mesmo mar.

* Rio, setembro de 2005

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Atitude



Chorar um rio de lágrimas
Não basta
Não vai limpar sua visão embaçada
Não vai molhar o chão duro que pisa
Não vai.

Voltar pra vida é preciso
Mais bonito que qualquer decisão
É tomar as rédeas na mão
E com a outra
Enxugar a solidão.

* Rio, maio de 2006

domingo, 3 de junho de 2007

Criação



Homem X Mulher
Razão X Emoção?
Sensibilidade.
Do pecado original
às diferenças,
à igualdade.
Manifestação da dicotomia divina.
Não sabe se ela ou lho.
Vida a dois mundos,
separados pela distância do infinito
e próximos pela origem mútua
de sangue, suor e barro.

* Rio, novembro de 2005

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Ainda lembro



Ainda lembro o que passou
Eu você em qualquer lugar
Dizendo "Aonde você for, eu vou"
E quando eu perguntei
Ouvi você dizer
Que eu era tudo o que você sempre quis
Mesmo triste eu tava feliz
E acabei acreditando em ilusões
Eu nem pensava em ter
Que esquecer você
Agora vem você dizer
"Amor, eu errei com você
E só assim pude entender
que o grande mal que eu fiz
foi a mim mesmo"
Vem você dizer
"Amor, eu não pude evitar"
E eu te dizendo
Liga o som
E apaga a luz

* Marisa Monte

Memórias



Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

* Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Este seu olhar



Este seu olhar quando encontra o meu
Fala de umas coisas que eu não posso acreditar
Doce é sonhar e pensar que você
Gosta de mim como eu de você

Mas a ilusão quando se desfaz
dói no coração de quem sonhou, sonhou demais,
Ah! se eu pudesse entender
O que dizem os teus olhos

* Tom Jobim

Para sempre



Ah. Por onde andei
Tão longe eu sei
Fui te perder.

Mas não diga não
Ao meu coração
Que se põe a soluçar.

Vai. Volta pra mim
Pois hoje eu vi
Que eu posso perdoar.

É. Com o teu olhar
Eu vou voar
Até o infinito.

Sim. E lá eu sei
Serei feliz
Até meu suspirar.

* Rio, maio de 2006